A Petrobras acaba de anunciar, pela segunda vez em menos de um mês, uma redução dos preços da gasolina e do diesel sobre o preço no atacado para os distribuidores. A referida queda fora de 3,2% para a gasolina e de 10,4% no Diesel.
Este anúncio, que certamente é uma boa notícia para as distribuidoras, não necessariamente será para os consumidores finais. Segundo a petroleira, caso as distribuidoras repassem integralmente tais reduções aos consumidores, o litro do diesel poderia cair cerca de 6,6%, ficando 0,20 centavos mais barato. Já o recuo no preço da gasolina seria de 1,3%, com queda de 0,05 centavos por litro. No entanto, diversas entidades representativas das distribuidoras já se adiantaram afirmando que tal redução projetada é inexequível, principalmente para a gasolina.
Mas então, quais seriam as razões para esta explicita resistência à queda dos preços dos combustíveis referidos praticados pelas distribuidoras e pelos postos de combustível?
A primeira razão se dá pela evolução inflacionária do preço do etanol. Este combustível renovável, que atualmente compõem em 27% cada litro de gasolina, sofreu um aumento de 13,3% apenas nos últimos 4 meses (de julho à outubro) em razão do período de entressafra.
As duas outras outras razões são originárias das próprias condições do mercado: as regras atuais estabelecem o tabelamento dos preços dos combustíveis apenas quando são comercializados da Petrobras para as distribuidoras. Assim, quando há um anúncio de redução (ou elevação) dos preços pela petrolífera, este é repassado integralmente às distribuidoras. No entanto, as distribuidoras e os postos de combustível não estão sujeitos as mesmas regras quando comercializam os combustíveis, cabendo a estes decidirem se repassam tal variação ao seus respectivos preços finais ou não. E para isso, eles não somente olham o custo de aquisição do combustível, mas também outras condições como as condições regionais de demanda e oferta, as variações dos impostos incidentes, outros custos operacionais como salário de sua mão-de-obra, o preço do frete dentre outros.
Por fim, a última razão se respalda nas atuais (estreitas) margens operacionais que as distribuidoras operam atualmente. Pelos dois gráficos abaixo podemos observar que, nos componentes (custos) dos preços finais da gasolina e do diesel (mensurados em 2015), as margens operacionais são apenas, na melhor das hipóteses, o terceiro maior componente e não representam o lucro das distribuidoras, pois destas, devem se descontar outros custos operacionais (como mão-de-obra) e financeiros. Nestas condições, fica evidente que uma redução da “Gasolina A” muito provavelmente não será repassada ao consumidor final, dado que as distribuidoras e os postos desejam absorve-la de forma a recompor suas margens, compensando o aumento do “etanol anidro” para manter inalterada a taxa de lucro do negócio.
Cabe-se ressalvar que no caso do diesel, possivelmente haverá algum repasse pelas distribuidoras e pelos postos ao consumidor final, dado que a redução do preço feita pela Petrobras fora mais consistente em comparação à gasolina, além do que o preço do biodisel tambem ter apresentado queda (diferentemente do etanol) de forma a aumentar as margens do setor, o que possibilita que as distribuidoras e postos de combustível repassem um percentual da queda de seus custos sem alterar a taxa de lucratividade de seus respectivos negócios
Analista Responsável pelo Setor: Felipe Souza.
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