A Standard & Poor’s (S&P) rebaixou a nota de crédito soberano do Brasil de BBB- para BB+, um nível especulativo. A agência de classificação de riscos atribuiu a queda do rating ao cenário político, que afeta diretamente as questões econômicas, com destaque para as finanças públicas.
É importante destacar que as perspectivas da Lafis já apontavam para o risco de perda de grau de investimento em alguma das mais importantes agências de classificação de risco, diante das dificuldades de condução da política econômica, sobretudo no que diz respeito ao cumprimento de metas de superávit primário. No entanto, tal fato ocorreu anteriormente ao esperado pela Lafis e pelo mercado.
Diante do rebaixamento da nota de crédito, projeta-se algumas consequências de curto e médio prazos para variáveis macroenômicas, com destaque para uma desvalorização da taxa de câmbio. Além disto, à medida que se tornou mais arriscado, segundo a agência, investir em papéis no Brasil, poderá ocorrer uma possível retomada no aumento da taxa SELIC, a fim de aumentar a remuneração dos títulos públicos para compensar o aumento do risco e conter uma possível evasão de divisas.
Setorialmente, os segmentos dependentes de matérias primas importadas, como é o caso da agricultura em relação aos fertilizantes, e setores em que a demanda é influenciada pelo custo do crédito, como é o caso da construção civil e do setor automotivo, podem ser mais impactados negativamente.
Por fim, pode-se dizer, em alguma medida, que a forte desvalorização cambial observada ao longo do ano, bem como o aumento da taxa de juros, já demonstra uma maior cautela do investidor estrangeiro, impactando consequentemente o desempenho de alguns setores da economia. Neste sentido, deve-se atentar para o risco de maior volatilidade, desvalorização do Real, elevação da taxa SELIC, aumento da incerteza (tanto do consumidor, quanto dos investidores), bem como futuras mudanças no rating dado ao país pela própria S&P e também pela Fitch e Moody’s.
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