quarta-feira, 1 de julho de 2009

A influência dos juros norte-americanos nas commodities

A expectativa de um processo inflacionário futuro na economia norte-americana desencadeou uma série de posições especulativas no mercado financeiro internacional nas últimas semanas. Determinante para a alocação das aplicações, esta expectativa sinalizou um movimento nada positivo, no qual o FED (Federal Reserve - Banco Central Americano) terá que administrar através dos instrumentos que a economia monetária ainda o disponibiliza. A taxa de juros básica norte-americana, denominada de FFR (Fed Fund Rate), é a principal referência para os mercados financeiros. O seu poder, de acordo com as nuances da economia monetária, interfere diretamente no preço de todos os investimentos. Teoricamente, o mecanismo de transmissão nos preços dos ativos é determinado pela lógica da remuneração do ativo livre de risco, que no caso os títulos norte-americanos, remunerados pelos FFR, conservam intrinsecamente esta característica.Com o aumento da liquidez da economia norte-americana, estimulada pela ampliação dos gastos do governo e redução da taxa de juros básica, entre zero - 0,25% a.a., os títulos norte-americanos deixaram de ser ativos determinantes nas carteiras de curto prazo e a diminuição do interesse alimentou a concorrência entre os mercados de moedas, commodities e acionários.
A expectativa de inflação futura, observada pelos analistas, está sendo determinada pelo aumento da liquidez da economia norte-americana e mundial, já que as principais economias injetaram recursos para saírem do colapso do fluxo monetário internacional nos últimos seis meses. Desta forma, a consequência foi a ampliação da quantidade de moeda em circulação. Uma vez que as rentabilidades dos títulos estão em baixa, considerando juros reais negativos, o capital tende a se migrar para as commodities, pois, o mercado acionário enfrenta certa influência do desaquecimento da economia mundial. Além disso, causa um processo de desvalorização do dólar perante as demais moedas.A discussão em torno da inflação futura norte-americana ganhou notoriedade no debate econômico mundial. Porém o que está por trás é a necessidade dos mercados financeiros anteciparem o aumento da taxa de juros. Ou seja, o mercado quer se antecipar para determinar as suas posições em relação aos demais ativos e, com isso, espera se proteger das perdas em que um processo inflacionário causa no retorno das suas aplicações. Portanto, neste momento, as aplicações em commodities agrícolas, energéticas ou minerais se tornaram um abrigo de proteção para este processo, além de oferecer vantagens no que tange à especulação. Os preços das commodities, se este processo especulativo inflacionário persistir, sofrerão pressões de alta mesmo com uma demanda mundial arrefecida. O único problema é que um aumento nos preços das commodities pode gerar inflação futura de custo, entretanto, no curto prazo, é descartada esta modalidade de inflação, uma vez que existe capacidade ociosa nas principais economias, mas é algo que já está sendo observado na curva futura do juros norte-americana.


Por: Ricardo André Jacomassi-25/06/09 - 20h00
Ricardo André Jacomassi é responsável por análises setoriais das commodities agrícolas na LAFIS Consultoria Econômica e escreve mensalmente na InfoMoney, às quintas-feiras.

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