segunda-feira, 20 de junho de 2016

Energia Geração e Energia Trasmissão e Distribuição: Eletrobras e Fragilidade Financeira: a venda de ativos como solução mais uma vez



Enfrentando enormes prejuízos desde 2012, a maior empresa estatal do setor de energia, a Eletrobras, chega novamente a 2016 com uma carga de prejuízos que na visão do novo ministro de Minas e Energia constitui uma situação “insustentável”. Para se ter uma ideia no exercício de 2012, o prejuízo somou mais de R$ 6,87 bilhões, seguido de mais R$ 6,28 bilhões no ano seguinte. Em 2015, esses somaram perdas de R$ 14,4 bilhões à empresa.

Pois bem, na visão do novo ministro e em linha com o novo direcionamento econômico, a frágil situação da empresa exige uma “revisão do tamanho e do papel da empresa no país”, confirmando que o novo governo já prepara um plano de vendas de ativos da companhia, começando com empresas de distribuição, como a Celg em Goiás, passando a fatias em usinas geradoras e linhas de transmissão. E, ainda que tenha anunciado que não pretende fazer “uma liquidação” da Eletrobras, mantendo sob controle estatal as maiores subsidiárias de geração e transmissão, como Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul, a venda de ativos  de uma empresa de segmento estratégico à economia nacional é, mais uma vez, a solução para problemas financeiros, causados por fatores políticos, econômicos e/ou contábeis.

Assim, ao analisar perspectivas de vendas de ativos em setores de infraestrutura como este caso é importante, antes de tudo, avaliar tanto as causas dos prejuízos, como os impactos de médio e longo prazo na estrutura empresarial. Vale ressaltar, os prejuízos de 2012 e 2013 refletiram principalmente a redução tarifária do setor , mas também o aumento da provisão para contingências e a depreciação de ativos (impairment) — duas variáveis inerentes à empresas deste porte no setor de energia. Já em 2015, a justificativa do prejuízo esbarra na perda de valor da usina nuclear de Angra 3, alvo de investigações na Operação Lava Jato. Assim, por fatores contábeis, frutos de políticas econômicas mal executadas ou de âmbito administrativo ou político, a Eletrobras vem enfrentando um período de grave dificuldade financeira cuja resposta imediata é a venda de ativos para sanar dívidas diversas. Todavia, justamente pelas causas variadas, estas poderiam ser revertidas por mudanças de direcionamento das mesmas políticas e práticas internas, além de maior controle por parte de um Estado mais fortalecido. A questão central é se a venda de ativos constitui-se como a única resposta para diversos problemas, ou mais do que isso, se evidencia solução estrutural ou somente de curto prazo.

Analista Responsável pelo Setor: Thaís Virga Passos

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