As maiores
companhias de ensino superior privado do Brasil estão fazendo pressão em
Brasília para reverter as mudanças no principal programa do governo para o
setor, o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES). As gigantes de educação
questionam a medida que alterou a forma como as companhias são remuneradas pelo
governo ao oferecerem o FIES e pedem que a mudança seja temporária. Segundo
fontes do setor, se não houver acordo, as companhias estão dispostas a recorrer
à Justiça.
Nos
últimos dias de dezembro, o MEC surpreendeu ao publicar uma medida que fará com
que as empresas de grande porte, com mais de 20 mil alunos, recebam com atraso
algumas das mensalidades dos estudantes do FIES que antes vinham sendo pagas
regularmente pelo governo. Isto é, a Portaria Normativa nº 23 estendeu de 30
para 45 dias o prazo dos repasses do governo às instituições de ensino para
pagamento das mensalidades de estudantes que recorrem ao FIES. Na prática, isso
significa que, para um curso de quatro anos, a instituição receberá todas as
mensalidades num prazo de cinco anos e meio.
É
importante enfatizar que as alterações no repasse do FIES às instituições de
ensino superior é a principal causa para a percepção negativa dos investidores
quanto ao futuro dos retornos financeiros desses expressivos grupos
educacionais. Afirma-se isso, já que houve outras alterações pelo MEC referente
ao FIES, como restringir o financiamento a quem cumprir alguns aspectos da
prova do ENEM (quem zerar a prova de redação não pode fazer financimento
estudantil, por exemplo), e tais mudanças não possuem o mesmo potencial de
reduzir o fluxo de caixa das empresas como o da Portaria Normativa nº 23.
É
interessante observar a declaração do presidente da Estácio, Rogério Melzi,
sobre a determinação do MEC de exigir uma pontuação mínima no Enem para que o
aluno possa pleitear o FIES: "Nesse contexto, cabe ao MEC a definição das
regras para que essa relação ocorra (...). Assim, não podemos questionar se o
MEC decidir aumentar a taxa de juros, reduzir a carência, ou colocar uma nota
de corte, simplesmente porque isso não é da nossa conta".
Enfim,
essas mudanças são os reflexos do ajuste fiscal orquestrados pelo Ministério da
Fazenda de Levy, e dessa forma, manifesta-se o cenário de risco de que o ajuste
nas contas públicas federais pudesse afetar de alguma forma um programa que é
responsável pelo crescimento do ensino superior privado brasileiro.
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